Um dos esportes mais praticados no mundo, não apresenta grande relevância no cenário brasileiro. Por que isso não muda?
Com pouca dedicação ao tênis, o Brasil fica a espera de um novo talento nato, como Guga e Maria Esther Bueno...
Mas por que o esporte não cresce no nosso país? Alguns pontos devem ser discutidos...
1-A indiferença por parte do governo. Sem um programa eficaz de
formação de atletas, gasta o dinheiro (também em outros esportes), num ''projeto'' olímpico, no qual o futuro atleta recebe um auxílio financeiro e mais 500 quilos de responsabilidade para tentar dar um futuro esportivo ao país...
Com isso, a formação de tenistas fica dependente da generosidade de ex-jogadores, que montam escolinhas, com investimentos
vindos do próprio ‘’bolso’’. Apoio muito essas iniciativas, mas não devem ser a
única alternativa...
2-A falta de qualidade nos profissionais da área. Não devemos
formar apenas jogadores, precisamos, e muito, de técnicos. Sem cursos para a
formação dos mesmos, ficamos dependentes de 3 ou 4 que mostram qualidade...
Nosso melhor jogador no momento (Thomaz Bellucci) é treinado
por um espanhol... Por uma simples opção, ou não, esse é mais um fato que
evidência a nossa falta de qualidade, em
termos de treinadores, principalmente.
Outro fato que justifica essa questão, é a seguinte estatística, levantada pela ESPN, um tempo atrás,
relatando que de 2004 a 2010, o Brasil produziu 19 tenistas que pelo menos
terminaram uma dessas temporadas no Top 100 do circuito juvenil masculino. Desses 19,
seis sequer atuam mais como profissionais. E apenas 1 está entre os 100
melhores...
Veja abaixo os brasileiros no Top 100 juvenil ao final de
cada ano entre 2004 a 2010 e o seu ranking entre parênteses:
2004: Bellucci (30), Andre Miele (56), Raony Carvalho (67),
Bruno Rosa (73)
2005: Andre Miele (10), Raony Carvalho (14), Luis Henrique
Grangeiro (35)
2006: Nicolas Santos (2), Daniel Dutra da Silva (18),
Fernando Romboli (40)
2007: Romboli (5), Henrique Cunha (11)
2008: Jose Pereira (8), Henrique Cunha (16), Andre Vidaller
(95)
2009: Guilherme Clezar (18), Tiago Fernandes (28), Jose
Pereira (30), Gabriel Dias (84), Eduardo Dischinger (85), Bruno Semenzato (86)
2010: Tiago Fernandes (6), Guilherme Clezar (37), Karue Sell
(50), Vitor Galvao (52), Bruno Semenzato (70), Bruno Sant'Anna (72)
Veja abaixo a situação atual, no ranking da ATP, de cada um
desses ex-juvenis:
THOMAZ BELLUCCI: 86º do mundo, 21º foi a sua melhor
colocação, 26 anos
ANDRÉ MIELE: 498º do mundo, 229º foi sua melhor colocação,
26 anos
RAONY CARVALHO: inativo, 815º foi seu melhor ranking, 26
anos
BRUNO ROSA: inativo, 402º foi seu melhor ranking, 28 anos
L. HENRIQUE GRANGEIRO: inativo, 952º foi seu melhor ranking,
26 anos
NICOLAS SANTOS: 1341º do mundo, 457º foi sei melhor ranking,
26 anos
DANIEL DUTRA DA SILVA: 585º do mundo, 231º foi seu melhor
ranking, 25 anos
FERNANDO ROMBOLI: 292º do mundo, 236º foi seu melhor
ranking, 25 anos
HENRIQUE CUNHA: 473º do mundo, 469º foi seu melhor ranking,
23 anos
JOSÉ PEREIRA: 277º do mundo, 277º foi seu melhor ranking, 23
anos
ANDRÉ VIDALLER: inativo, 1095º foi seu melhor ranking, 22
anos
GUILHERME CLEZAR: 165º do mundo, 156º foi seu melhor
ranking, 21 anos
TIAGO FERNANDES: 540º do mundo, 371º foi seu melhor ranking,
21 anos
GABRIEL DIAS: inativo, 824 melhor ranking, 22 anos
EDU DISCHINGER: 762º do mundo, 540º foi seu melhor ranking,
21 anos
BRUNO SEMENZATO: 1365º do mundo, 714º melhor ranking, 21
anos
BRUNO SANT'ANNA: 419º do mundo, 337º foi seu melhor ranking,
20 anos
KARUE SELL: inativo, 1242º foi seu melhor ranking, 20 anos
VÍTOR GALVÃO: inativo, não chegou a ter ranking, 20 anos
Não considero que a preparação quando juvenis esteja errada. Se estivesse, não teríamos tantos jogadores entre os 100, penso que há uma
escassez de profissionais capazes de ajudar esses garotos a crescer, não só o treinador, mas também o psicólogo, preparador físico e etc.
Até temos técnicos capazes de levar atletas ao topo, um grande exemplo é Larri Passos (ex-técnico de Guga), mas isso evidência, novamente, a escassez de bons profissionais área, ao vermos que Larri treina 2 tenistas do circuito profissional, logo não se dedica exclusivamente a um, deixando de viajar com os mesmos, e isso é muito importante para o atleta...
3-A TV. Algumas pessoas consideram que os meios de comunicação também têm culpa no nosso fracasso tenístico. Não vejo assim. Sem jogadores em destaque, querer que a TV transmita um jogo de tênis é pedir de mais... As emissoras são empresas, e visam o lucro, e convenhamos, transmitir jogos de tênis, no momento, não é uma boa ideia para quem quer lucrar...
Considero que deve ser feito um trabalho a longo prazo. Seria ótimo ter o nº 1 do país entre os 10 melhores, mas não adiantaria em nada se o nº 2 não estivesse entre os 100... Devemos ir passo a passo, com o primeiro objetivo de colocar vários jogadores entre os 100, para que depois os diferenciados apareçam...
Penso que para o tênis crescer no Brasil só basta um pouco de dedicação do governo. Impressionantemente, tudo melhorou bastante. Agora temos 2 torneios de grande porte no país, após mais de 20 anos voltamos a ter um top 100 no masculino e uma no feminino. Quem sabe um futuro melhor nos aguarda...
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